A FUNÇÃO SOCIAL DA MEDIAÇÃO PEDAGÓGICA NOS PROCESSOS DE ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO: POSSIBILIDADES E DESAFIOS NAS SÉRIES INICIAIS DO ENSINO FUNDAMENTAL EM CHAPECÓ(SC).
A função social da mediação pedagógica nos processos de alfabetização e letramento: Possibilidades e Desafios no Ensino Fundamental, no Município de Chapecó(SC), mais especificamente nas Escola Estadual de Educação Básica Antônio Morandini, Escola Estadual de Educação Básica Valesca Reske Parizoto e Escola Básica Municipal Rui Barbosa, considerando-se por conveniência e justificando-se pela proximidade, convivência e espaço de trabalho, estudo e interação social visto que as três instituições de ensino fazem parte da zona urbana, sendo duas estaduais e uma municipal.
A pesquisa de campo concentra-se-á nas primeiras e quartas séries dos anos iniciais de Ensino Fundamental, com a finalidade de se observar, analisar e identificar o processo de alfabetizar letrando, no início e no transcorrer dos processos de ensino-aprendizagem.
O tema da pesquisa é atual e de grande significado porque envolve, para além da leitura e da escrita, a perspectiva de promoção humana para o mundo das letras, dos signos, do significado das diferentes linguagens, entre outros critérios que envolvem os processos de mediação pedagógica no ato de alfabetizar letrando. As instituições de ensino cada vez mais estão correspondendo aos anseios da sociedade contemporânea que elegem a escrita e o fato de saber codificar e decodificar, por meio dos signos, sinais, letras, ou seja, os códigos linguísticos, características de alfabetização, o que ainda se tem revelado de forma insuficiente para corresponder ás exigências do mundo contemporâneo. É preciso, para além da apropriação do código escrito, exercer as práticas sociais de leitura e escrita necessárias nos diferentes espaços sociais. O processo de letramento, carregado de significado, atualmente ganha espaço e nova dimensão no mundo da leitura e da escrita. Alfabetizar letrando é orientar a pessoa a ler, escrever e conviver com as práticas reais de leitura e escrita.
A metodologia da alfabetização, ao longo do processo histórico educacional vem sofrendo alterações que, de certa maneira, revela a forma e as necessidades advindas do processo de organização social, política, educacional e econômica do País. Nesse sentido, pode-se argumentar que a utilização da leitura e da escrita está submetida a enfoques teóricos e metodológicos dirigidos às instituições educacionais por meio dos quais são direcionadas diretrizes e propostas pedagógicas que atendem as peculiaridades da cultura, da vivência e do contexto local. Por essa razão, considera-se a possibilidade de que algumas tendências político-pedagógicas, relacionadas à alfabetização, sofreram, e continuam sofrendo, influências de ‘modelos’ educacionais ligados a modismos da época, sem que, para isso, os educadores tenham consciência dos fundamentos teóricos que as determinam. Por esse motivo, verifica-se que as práticas alfabetizadoras resultam numa mescla de diferentes concepções pedagógicas que influenciam, diretamente, todo o processo educacional da instituição de ensino e, sobremaneira, a vida dos(as) envolvidos(as).
A definição da temática é decorrente da própria prática profissional exercida como educadora nas séries iniciais no Ensino Fundamental em instituições públicas de ensino e da necessidade de aprofundar os estudos na área da alfabetização e letramento.
...Alfabetizar significa orientar a criança para o domínio da tecnologia da escrita; letrar significa levá-la ao exercício das práticas sociais de leitura e escrita. Uma criança alfabetizada é uma criança que sabe ler e escrever, uma criança letrada (...) é uma criança que tem o hábito, as habilidades e até mesmo o prazer da leitura e da escrita de diferentes gêneros de textos, em diferentes suportes ou portadores, em diferentes contextos e circunstâncias(...) alfabetizar letrando significa orientar a criança para que aprenda a ler e escrever levando-a a conviver com práticas reais de leitura e escrita.(SOARES, 2004.p.24).
O significado de aprofundar os fundamentos teóricos é decisivo, porque se acredita que só pode optar quem conhece. E conhecer os fundamentos teóricos, as obras, os principais pensadores é importante até para se entender o processo histórico que essas áreas sofreram ao longo da história da educação brasileira, no Estado de Santa Catarina, por meio da Proposta Curricular e na própria Escola que, na prática, é a entidade que viabiliza os processos de ensino-aprendizagem, executa e gerencia a educação em nível local.
O desafio dos(as) educadores em respeitar as diferenças dos níveis, etapas ou fases de desenvolvimento do processo ensino-aprendizagem dos alunos está presente diuturnamente nas atividades didáticas que cada profissional desenvolve. Nesse sentido, o referido projeto poderá contribuir para o aprofundamento metodológico e análise cuidadosa do processo de planejamento, execução e avaliação do ato pedagógico.
As classes de alfabetização formam-se necessariamente com um conjunto de alunos com histórias de vida diferentes, sendo pelas contingências práticas, classes heterogêneas. Uns sabem alguma coisa, outros sabem outra, alguns já aprenderam alguma coisa própria da escola, outros não. Algumas crianças tiveram pré-escola, e aprenderam os rudimentos da leitura e da escrita, outras nunca estudaram nada. Algumas crianças aprendem coisas em casa, têm lápis, papel, livros, outros nunca tiveram nada disso. Cada aluno tem uma história.(CAGLIARI, 2004: p.52-3).
Os(as) estudantes, nesse sentido, são os maiores beneficiários desse projeto de pesquisa que visa a desenvolver o processo educacional com qualidade, e porque se acredita que é na alfabetização e no letramento, desenvolvidos a partir de uma mediação pedagógica coerente, atualizada e contextualizada, entre outros critérios, que se poderá investir nos estudantes, para que adquiram e se apropriem do código escrito, aprendam a ler e, escrever e, ao mesmo tempo, convivam e (...) participem de práticas reais de leitura e escrita, tanto de alfabetização como de letramento que, apesar de serem processos diferentes, são inseparáveis e indispensáveis na apropriação das diferentes linguagens e na inserção do indivíduo na cultura escrita.”(PROPOSTA CURRICULAR DO ESTADO DE SANTA CATARINA, 2005.p. 24)
Essas e outras possibilidades e desafios exigem dos(as) educadores(as) maior dinamismo e mobilidade nas práticas pedagógicas, nas mudanças de postura,aquisição de novos conhecimentos, adoção de novas concepções pedagógicas como também a abertura para aprender e assumir o importante papel de educador(a) alfabetizadora(a), principais destinatários do referido projeto assim como dirigentes ou gestores educacionais e técnicos. Os dados do sistema de Avaliação da Educação Básica(SAEB/2003) indicam que 59% dos(as) alunos(as) da 4ª série apresentam acentuadas limitações no aprendizado da leitura e da escrita. Essas dificuldades têm sido atribuídas dentre outras situações-problemas, aos fatores socioeconômicos das regiões de origem das crianças.
...a escrita não é apenas um ‘objeto de conhecimento’ na escola. Como forma de linguagem ela é uma constitutiva do conhecimento na interação. Não se trata então, ‘apenas de ensinar’(no sentido de transmitir) a escrita, mas de usar, fazer funcionar a escrita como interação e interlocução na sala de aula, experienciando a linguagem nas várias possibilidades. No movimento das interações sociais nos momentos das interlocuções a linguagem se cria, se transforma, se constrói como conhecimento humano. (SMOLKA, 1989, p.45).
A interação social das crianças na família, na escola e na sociedade ocorre de forma diversa e ocorre de forma espontânea pois vem sendo culturalmente ensinada, desde antes de as crianças virem ao mundo, pela família e pelas pessoas que fazem parte do convívio social.
A função social da escola, nesse sentido, é o de aperfeiçoar de forma a desenvolver uma ação pedagógica coerente e adequada aos tempos atuais, possibilitando aos(as) estudantes a aprendizagem do sistema linguístico e a condição de uso da língua, da leitura e da escrita das diferentes linguagens produzidas, culturalmente, na vida.
_______.APPEL, Sonia Aparecida. Pedagoga. Especialista em Alfabetização. Mestranda do Curso de Ciências da Educação da Universidade Politécnica e Artística Del Paraguai. Funcionária Pública Estadual.
Nenhum comentário:
Postar um comentário